09 agosto 2016

Existe um segredo valioso nas entrelinhas do “Antes um inimigo inteiro do que um amigo pela metade.” Claro que nem tudo merece o nosso agradecimento. Pessoas-Pela-Metade, por exemplo, não merecem a nossa gratidão. Na verdade, dessas devemos manter uma distância segura. Elas nunca serão completas e sempre tentarão roubar de outras aquilo que lhes falta. Pessoas-Pela-Metade não aprenderam a amar, então roubam o amor dos outros, sequestram a auto-estima alheia e querem manter o domínio de tudo. Porque foram traídas, se apropriam da confiança dos outros, desconfiam de tudo a todo momento e sempre mantém um véu de mistério pairando sobre as próprias atitudes que serve para esconder mentiras e omissões. Porque são inseguras, não caminham em paz e sempre procuram confusões nos ambientes que frequentam.
Pessoas-Pela-Metade querem a sua paz, a exclusividade do seu amor, querem que sejas posse delas. Elas tiram o teu direito de escolha, sequestram a tua companhia e cegam a tua visão. Se observares bem de perto, vais perceber que a vida lhes fez um pequeno mal e elas mesmas se encarregaram de aumentar o estrago com suas atitudes e escolhas. Ao invés de buscarem a superação, escolheram disseminar a maldade e desconfiança por onde passam. São cépticas e entoam com o peito cheio de ar que o amor só existe em contos de fadas.
Pessoas-Pela-Metade não me preenchem, não merecem metade da minha atenção e muito menos uma gota do meu ódio – merecem a indiferença. Disso elas estão cercadas.
Pessoas-Pela-Metade merecem uma única coisa: um ponto final.
❝Em alguns momentos eu preciso me afastar, pra encontrar dentro de mim um alívio, uma força que me faz acreditar que tudo pode passar. Fico pensando muito sobre tudo, sobre as coisas a minha volta e coisas que parecem não voltar mais... Às vezes só preciso de um tempo pra mim mesmo, pra respirar fundo e continuar, pra encarar aquele mundo lá fora que muitas vezes nem se importa de perguntar se eu vou bem, e se eu estou com medo. A cada dia que passa, me cubro de fé, e isso muitas vezes é tudo que tenho.❞

Liga não é bom que a gente aprende

A única vantagem de as coisas darem errado é vermos o quanto temos que aprender nessa vida; ou pelo menos deveríamos aprender com tudo isso.
Eu acho que, na verdade, nunca aprendemos. Somos um eterno murro em ponta de faca, mas também tem aquilo né: gostamos de tentar sempre. Daí se pensamos que já tentamos o bastante, paramos e pensamos de novo: “Mas e se dessa vez eu fizer isso?” A gente meio que cava motivos para continuar insistindo no que claramente não está dando certo. E isso até é meio bonito, mas completamente doloroso.
Por isso que o bom das coisas não darem certo é que a gente aprende que nem sempre darão.
É bom a gente pedir para voltar chorando, telefonar desesperado, prometer mundos e fundos e no fim: esse alguém não voltar. É só um sinal da vida como se falasse: “não adianta, dessa vez não vai dar, saiba medir seu esforço”.
É bom a gente não querer voltar porque aí quando a gente quiser não vão querer mais. E aí a gente aprende que é fundamental não entrar nesse jogo de se vingar pelo outro. Sabe quando a gente quer uma coisa, mas faz outra, só para a outra pessoa sentir o gosto que a gente sentiu? Então, isso é uma bosta. Você sabe.
Também dá para aprender um monte de coisa quando a gente demora para dizer o que sentimos. Porque aí vai chegar essa hora, a gente vai se sufocar de tanta vontade, vamos e tentamos falar, mas: a pessoa não sente igual. E quando não é pior: ela já chegou a sentir um dia, mas também não sabia se a gente sentia. E a vontade de deitar no asfalto que dá na gente, né?
E quando a gente fica correndo atrás de alguém que só faz mal para a gente? Você cancela compromissos, adia passeios com os amigos, produz menos no trabalho; mas muito no chat privado, demora mais no banheiro, às vezes sai mais cedo, outras entra mais tarde, se profissionaliza em inventar desculpas para terceiros, tudo isso só para dar um pouco mais de nós para que pensamos merecer. Mas esse alguém que pensamos merecer só se diverte com os nossos esforços. Responde uma outra mensagem só para usar de isca para que possamos ficar lá no pé. Recebe uma ou outra indireta só para gente parar de mandar. Puxa um ou outro assunto com um “oi” só para manter a gente ali no controle. E aí, finalmente quando damos conta do tempo perdido, já não tem mais como voltar. E aí a gente aprende o valor de saber enxergar quanto tempo perdemos com quem não quer aproveitar com a gente.
E aí tem também aquelas vezes em que categoricamente alegamos um “não me sinto bem para algo sério agora”. Como se, nooossa, existisse uma hora exata, algum dia que vamos acordar pensando: “Pronto! Agora quero algo sério”. E aí a gente rejeita boas pessoas que tentam entrar na nossa vida, a gente rejeita bons sentimentos e pessoas que sabemos que nos farão bem, só porque, veja bem: ridiculamente pensamos que “não é a hora”. Os dias passam e tudo que a gente sonha de volta é aquela hora que tentaram nos apresentar.
Sério, sofrer é bom porque a gente aprende.
Porque a gente é muito idiota sim nessa vida. A gente é tão idiota que tem vezes que sabemos que estamos sendo e mesmo assim continuamos. A gente é tão idiota que sabemos como estamos sofrendo mas continuamos tentando, continuamos puxando assunto, continuamos curtindo a foto, respondendo o whatsapp mais rápido que a luz, continuamos no “Sexta? Posso sim!” mesmo sabendo que não podemos, continuamos no “que pena não que vai dar, mas vamos marcar outro dia?” e tudo mais, dando aquele famigerado IBOPE. E essas são coisas que só o tempo nos ensina a saber dosar o quanto fazer. Ouvimos conselhos por um ouvido e soltamos por outro, afinal, sabemos o que e quanto sentimos e seguimos nisso até o fim, não é alguém que vai nos dizer como ou não fazer.
E é só assim, escrachando o quanto somos idiotas, lembrando de todas as vezes que fomos – e que talvez ainda estamos sendo? – Que nasce uma voz lá no fundo falando: “Liga não, é bom que a gente aprende”. E a gente tem que ouvir, a gente tem que prestar atenção a esses sinais, a gente tem que prestar atenção quando quem queremos não presta atenção na gente.
E quando a gente aprende que não é tão divertido assim ser idiota nessa vida, a gente começa a aproveitar as vezes que aparece alguém mostrando como é divertido ser feliz.
Márcio Rodrigues